terça-feira, 18 de outubro de 2011

TECNOLOGIA [Carro quadriflex em teste

Inventor usou Uno na experiência. 

O visual do protótipo é parecido com o do modelo original


Engenheiro cearense desenvolve um sistema que faz o veículo funcionar com gasolina, álcool, energia eólica e solar


Oito anos após a chegada do primeiro veículo bicombustível ao País (o Gol 1.6 Total Flex, lançado em 2003), um cearense apresenta um carro que possui quatro fontes de energia. Batizado de “quadriflex”, o sistema permite ao automóvel funcionar com gasolina, álcool, energia eólica (gerada pelo vento) e fotovoltaica (produzida pela luz solar ou pela iluminação proveniente de postes e lâmpadas comuns). Por enquanto a tecnologia foi testada apenas num Fiat Uno, mas a expectativa do inventor é fabricar um carro popular com esse sistema em grande escala, no prazo de três anos.
O projeto vem sendo desenvolvido há dez anos pelo engenheiro Fernando Ximenes, 46 anos, dono da empresa de tecnologia eólica Gram-Eollic, no Estado do Ceará. Segundo ele, o dispositivo quadriflex abastece todo sistema de combustão e elétrico do automóvel: ar-condicionado, lâmpadas, faróis, som, entre outros. Trabalhando com essa tecnologia, o veículo emite 40% menos poluentes e tem uma economia de combustível de até 40% em relação ao modelo flex tradicional. Não bastasse o carro quadriflex ainda ganha mais potência (seis cavalos).

Jornal do Commercio - Pernambuco
Repórter Sofia Costa Rêgo

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ceará vai apresentar 60 projetos

O Ceará é pioneiro na área de energia eólica no Brasil. Os investimentos no setor são os maiores do estado em matrizes energéticas. Nos últimos cinco anos, já foram aplicados um total de R$ 7 bilhões



Referência mundial em energias renováveis, o Ceará vai apresentar 60 projetos para o leilão de energia elétrica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que acontece em dezembro deste ano, somando 1.431,8 MW. O mercado de energia eólica é alternativo e tem se mostrado competitivo para os investidores. O Ceará, pioneiro na área, é responsável por mais de 50% da produção nacional de energia eólica, com 518 MW.

Armando Abreu, presidente do Grupo Braselco e diretor de tecnologia da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) diz que, desde o primeiro leilão, em 2009, o estado começou a perder espaço. Armando cita alguns fatores que contribuíram: a atuação limitante do Ministério Público, a demora nos processos de licenciamento ambiental pela Semace e a falta de iniciativa do Governo do Estado. Rio Grande do Norte e Bahia, outros dois estados do Nordeste que são referência em energia eólica, têm governos ativos que criaram facilidades para os investidores.

Nos últimos cinco anos o investimento em energia eólica é o maior do estado em matrizes energéticas, com R$ 7 bilhões aplicados. O número de investimentos tende a aumentar R$ 2 bilhões nos próximos dois anos. “De modo geral, o melhor vento está na costa”, explica Armando. Mas a tendência, pensando no bom senso e no meio ambiente, é fugir da praia e procurar zonas de altas altitudes como as serras. “Temos que pensar em 10 anos à frente”, diz.

No Ceará, desde 1996, Armando fala da dificuldade do estado competir com a dinâmica e agilidade dos outros dois estados. Ele sugere três alternativas para que o Ceará volte a ter uma maior participação: grupos de trabalhos e mais reuniões práticas entre o estado e os investidores; maior agilidade da Semace com os processos e uma maior carga de informação para o MP. O investidor precisa se sentir apoiado e a Semace tem que ser vista como parceira e não como obstáculo. “Espírito de parceria é fundamental”. Para ele, o Ceará tem todas as condições naturais para a instalação de usinas eólicas.

Fernando Ximenes, engenheiro e proprietário da Gram Eollic (empresa de energia eólica), diz que quatro projetos estão em andamento desde março deste ano, somando 1.211 MW e que o prazo para entrarem em operação é 2016. Para se ter uma ideia do valor, Fernando explica que 45 MW são suficientes para abastecer a orla marítima de Fortaleza, do Mucuripe à Praia de Iracema.

Pedro Sirgado, diretor executivo Instituto EDP (Energias do Brasil – geração, distribuição e comercialização de energia elétrica) e palestrante do evento, explica que devemos pensar na saúde da empresa e da sociedade no futuro. Sustentabilidade é questão de sobrevivência. E é preciso encarar esse problema como solução para os negócios. Energias renováveis, como as provenientes da água, do sol e do vento, são parte da solução. “Um novo modelo de negócios está surgindo”, diz. É preciso descentralizar e criar pequenos focos de energia perto de indústrias e residências, levando em conta a mobilidade elétrica e a eficiência energética.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A crescente demanda por energia constitui uma das mais fortes tendências. Geração de energia proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica, é alternativa sustentável e lucrativa. O Ceará tem todas as condições naturais para a instalação de usinas eólicas

Saiba mais 

A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976, na Dinamarca. Atualmente, existem mais de 30 mil turbinas eólicas em operação no mundo.

Ao todo, o Estado possui 17 usinas de energia eólica em operação. 14 fazem parte do Programa de Incentivo à Produção de Energias Alternativas (Proinfa). O potencial eólico registrado pelo Ceará atinge 25 mil MW em terra e 10 mil MW no mar.

1 MW é suficiente para abastecer 500 famílias.

Do ponto de vista mundial, o Brasil é o mais verde quando se trata de matrizes energéticas

Ingrid Baquit
ingridbaquit@opovo.com.br